Faz tempo que não venho aqui. A verdade é que volto aqui quando preciso desse espaço: um lugar quieto que eu possa falar sozinha na internet. Um cantinho meu pra falar sozinha e mostrar para os amiguinho, se eles quiserem ouvir, meu barulho.
Eu acompanho newsletters de semi-conhecidos (vulgo gente da internet que nunca tive nenhum contato, mas tenho uma relação parassocial porque leio as newsletters) há alguns anos já, e algumas vezes, são relatos simples sobre tópicos cotidianos, uma visão interna sobre suas criações. São pessoas que, por qualquer que seja o motivo, me atraíram para dentro de seu universo e não tem medo de mostra-lo.
Eu costumava não ter medo da internet. Eu costumava não ter medo de tanta coisa. E talvez eu esteja voltando a não ter. Eu não tenho autoestima pra escrever algo que vai direto pra sua caixa de e-mail, mas eu não tenho medo de mostrar o processo. Não aqui. Pra quem quer que você seja.
Perdi o emprego no começo do ano. Era uma empresa que existia há oito anos, que eu já estava há mais de dois. Ninguém imaginava que ela daria um golpe em todos os funcionários e se desfaria no ar. Ninguém estava esperando. Eu não estava. Eu não estava contando com "ficar sem emprego" pras minhas previsões de ano novo. Mas aconteceu. E cá estamos. Com muito tempo e sem saber ao certo como direcioná-lo.
Decidi tomar um tempo pra mim. Quando tive o burnout, fiquei afoita em voltar rápido para o trabalho com medo de ser prejudicada posteriormente. Minha saúde mental foi prioridade por um mês e meio. Em anos, tive um mês e meio focado em viver no presente e presenciar o silêncio. E foi tempo suficiente pra eu conseguir voltar a pensar, mas me deixou com uma pulga atrás da orelha. Onde posso chegar se tiver mais tempo? O que você faria se tivesse todo seu tempo a sua disposição? Quem você se tornaria?
São essas algumas das perguntas que estou me fazendo agora. (Eu sei que isso envolve muitos privilégios, eu não ignoro isso, não transforma isso daqui no twitter. Não to disposta a transformar isso numa grande culpa dos privilégios que eu tenho. Isso não vai levar a nada. Eu vou usufrui-los.)
Eu sinto que, por mais que eu tenha voltado a ser funcional, faz muito muito tempo que eu não consigo entrar em exercícios reais de pensamento e de desenvolvimento de ideias.
Aqui pretendo documentar esse processo. Seja lá pra onde ele caminhe. Bem-vinde ao processo.