Jim Jarmusch em seu filme Paterson (2016) retrata uma semana na vida de um motorista de ônibus poeta. Paterson, nome do protagonista e da cidade em que ele vive e trabalha, leva uma vida simples com sua esposa e seu cachorro. Ele acorda todos os dias pela manhã sem o auxílio de um despertador, ele cumpre seu horário como motorista, ele volta para sua casa, janta com sua esposa, sai para passear com o cachorro e tomar uma cerveja. Em meio a tudo isso, ele faz poesia.
O que é fazer poesia?
É estar no mundo, senti-lo com todos os canais que lhe seja possível.
É observá-lo mesmo quando não possuir olhos,
é escutá-lo mesmo quando tudo o que se ouve são ruídos,
e é tocá-lo mesmo quando ele está fora de alcance.
E depois de tudo isso, transformar em palavras, em pontos, em quebras de linha.
Paterson faz poesia aceitando sua natureza, aceitando o mundo pelo que ele é. O caos se organiza conforme as palavras ganham vida no papel, criando uma estrutura, um sentido, uma sonoridade.
Não sabemos quase nada sobre o passado ou mesmo o futuro daquela pessoa, entretanto, ao ouvir seus poemas, ganhamos acesso ao seu presente. E isso é fantástico.
P.S. E o Adam Driver, né gente, que homem.
P.P.S. Eu tinha colocado o trailer, mas o trailer mostra o filme inteiro, vão assistir ao filme direto. Não vejam o trailer.
quarta-feira, 14 de junho de 2017
segunda-feira, 12 de junho de 2017
Amortentia
Essa minha playlist é o movimento oposto, é uma renegociação com esse tipo de narrativa. É o momento em que gostaria de crer. Para minha frustração, passo muito tempo ouvindo-a. Ela é brega, ela é tosca. Mas ela me faz sentir. E mais, ela me faz sentir bem. Ela me leva para lugares em que me sinto bem-vinda, em que me sinto adorada.
Quando compartilho ela com vocês, espero que atinja o mesmo efeito. Hoje não venho aqui pregar modelos de relacionamentos, não venho aqui questionar as coisas que pessoas acreditam (ou deixam de acreditar). Hoje só venho aqui para tentar colocar um sorriso bobo no rosto de quem se doar a tal aventura.
Feliz dia dos namorados! :3
domingo, 11 de junho de 2017
O tempo de cada coisa
Não adianta. Cada coisa tem seu tempo. Cada ser tem seu tempo. E o tempo é algo sem rei. O máximo que conseguimos (e com alguma dificuldade) é colocar ele a nosso favor. E mesmo assim, isso é bem raro.
Sábado na aula de pintura, no meio de toda a frustração de não estar entendendo nada a ponto do Brão ter que sentar e fazer a pintura TODA pra eu ver como faz, lembrei da época que comecei a estudar desenho. Foi no final de 2009, não raro segurava o choro em aula, lidando com as frustrações iniciais de achar que eu sabia fazer algo e as constatações reais de que não sabia fazer nada. Pensei no tempo que se passou, nos caminhos que meu traço percorreu dentro dele. Me levou por volta de 7 anos para olhar para o meu traço e falar "ok, isso está começando a funcionar". Sete anos. Estou estudando aquarela desde o começo de fevereiro. São 4 meses de estudo não-contínuo, de faltas, de altos e baixos e cara, quão normal é estar uma bosta? Quão ok é eu ainda não estar entendendo como se pensa dentro de uma pintura? Quem aprende qualquer coisa em tão pouco tempo, sabe?
Foi um abraço que eu dei em mim mesma. Enquanto, de olhos cheios, eu olhava aquelas massas de cor e água, eu sussurrei no meu ouvido que preciso dar tempo ao tempo, tempo a prática, tempo ao entendimento. Se em 7 anos eu olhar para minhas pinturas e falar "ok, isso está começando a funcionar", estarei mais que satisfeita. Se demorar mais, tudo bem. Faz parte. Por enquanto eu continuo, eu lido com meus erros porque sei que é deles que virão meu aprendizado.
pas
Sábado na aula de pintura, no meio de toda a frustração de não estar entendendo nada a ponto do Brão ter que sentar e fazer a pintura TODA pra eu ver como faz, lembrei da época que comecei a estudar desenho. Foi no final de 2009, não raro segurava o choro em aula, lidando com as frustrações iniciais de achar que eu sabia fazer algo e as constatações reais de que não sabia fazer nada. Pensei no tempo que se passou, nos caminhos que meu traço percorreu dentro dele. Me levou por volta de 7 anos para olhar para o meu traço e falar "ok, isso está começando a funcionar". Sete anos. Estou estudando aquarela desde o começo de fevereiro. São 4 meses de estudo não-contínuo, de faltas, de altos e baixos e cara, quão normal é estar uma bosta? Quão ok é eu ainda não estar entendendo como se pensa dentro de uma pintura? Quem aprende qualquer coisa em tão pouco tempo, sabe?
Foi um abraço que eu dei em mim mesma. Enquanto, de olhos cheios, eu olhava aquelas massas de cor e água, eu sussurrei no meu ouvido que preciso dar tempo ao tempo, tempo a prática, tempo ao entendimento. Se em 7 anos eu olhar para minhas pinturas e falar "ok, isso está começando a funcionar", estarei mais que satisfeita. Se demorar mais, tudo bem. Faz parte. Por enquanto eu continuo, eu lido com meus erros porque sei que é deles que virão meu aprendizado.
pas
quinta-feira, 8 de junho de 2017
Babadook e oficina na oswald
Tem dia que falta assunto, tem dia que sobra. Hoje tem tanta coisa na minha cabeça que está difícil ordenar.
Pra começar, descobri que um erro no algoritmo da Netflix acabou por transforma o monstro Babadook de um filme de terror independente em um símbolo LGBT. Claro que adorei nosso novo mascote e desenhei ele todo orgulhoso.
Aliás, junho é o mês que se comemora o orgulho LGBT e quero fazer uns textos direcionados a isso, com calma e com carinho porque é bem importante.
Segue BABADOok:
Aliás, junho é o mês que se comemora o orgulho LGBT e quero fazer uns textos direcionados a isso, com calma e com carinho porque é bem importante.
Segue BABADOok:
Também fui na oficina de desenho e pintura expandido estou frequentando na Oswald de Andrade com o pessoal do Atelier do centro e tem tantas coisas para falar sobre essa experiência que também que fazer isso com calma (e não morrendo de sono a uma da manhã), mas segue rabisco que fiz enquanto escutava Gabriela Celan respondendo as perguntas do pessoal:
A formatação vai ficar tudo meio zuado porque estou blogando do celular!
quarta-feira, 7 de junho de 2017
Julia & Julie, autossabotagem e blogar diariamente
A internet era um lugar bem diferente em 2002, blogs eram uma coisa bem diferente no começo dos anos dois mil. Eles faziam sentido, de alguma forma estranha. Comecei minha vida de blogueira nessa época, meu blog era um blog diário. Não tenho os arquivos dele guardados e não me recordo exatamente sobre o que eu escrevia, mas era um exercício diário de abrir a página e escrever o que quer que fosse. Talvez minha compulsão por escrever tenha sido muito alimentada por essa cultura.
Ontem assisti ao filme Julie & Julia que, entre muitas outras coisas, fala dessa época em que os blogs começam a ganhar uma visibilidade. Julie está infeliz com sua vida e decide fazer todas as receitas do livro de cozinha francesa para americanas de Julia Child e postar isso em um blog diário. Junto com os percalços das receitas, ela retrata em seu blog os desafios que incorporar isso ao seu dia-a-dia trouxe, o cansaço de chegar em casa e ainda cozinhar todos os dias e seu casamento, que fica em segundo plano enquanto ela está nessa jornada. Julie comenta no começo do filme como ela sente que nunca termina nada, que ela não pode ser uma escritora, afinal o livro que estava escrevendo ficou pela metade e assim, a missão de chegar ao fim de todas as receitas se torna importante para ela provar para ela mesma que ela consegue terminar alguma coisa.
Tenho me sentido uma pessoa sem uma causa, eu tenho uma tendência enorme a auto-sabotagem. Nunca termino nada. Mesmo quando estou super empolgada e engajada, eu tropeço em alguma crise enorme no meio do caminho e acabo largando as coisas por terminar, eu sempre sou derrotada por uma força enorme dentro de mim. Isso desde sempre. Ao ver o filme, eu me questionei se talvez não precisasse de uma missão que envolvesse algo diário, algo que dia-a-dia eu fosse obrigada a comparecer, a mostrar resultados (e novamente minha mente me respondeu com "você JAMAIS conseguiria fazer algo do tipo").
No começo desse ano, estava focada na produção de uma História em quadrinhos voltada para o público infanto-juvenil, ainda quero dar continuidade a esse projeto, mas nada são flores. Cogitava a auto-publicação (impressa), só que mais e mais isso parece uma ideia extremamente idiota e tudo isso foi me desanimando. Ficar ouvindo em looping que eu jamais vou conseguir é complicado. Dar continuidade a uma coisa que o tempo todo estão tentando te convencer de que não vai acontecer (mesmo quando quem está tentando me convencer é minha cabeça), é pesado. E assim, produzir uma história em quadrinhos sozinha envolve tantas coisas que, claro, é um trabalho diário, mas não é um trabalho diário em que existe um resultado no final de cada dia. As coisas acontecem devagar.
A ideia de postar os estudos diários foi um pouco essa, mas novamente minha mente atacou e falou "quem vai querer ver essa porcaria?" e a resposta que não consegui dar (e deveria ter dado) no momento foi "eu". Não importa muito quem veja ou quem queira ver ou quem não queira ver. Não importa se esteja bom, ruim, péssimo. Não importa se ACHEM que está ruim, bom, ótimo. No momento que eu me proponho a postar diariamente é pra que eu me sinta motivada a produzir e que ao final de um período eu olhe e veja que "olha, a produção realmente existe".
Enfim, tudo isso pra dizer que vou tentar novamente. Meu desafio diário vai ser postar aqui, um texto e uma ilustração/estudo/tirinha.
É isso. Me desejem sorte.
Ontem assisti ao filme Julie & Julia que, entre muitas outras coisas, fala dessa época em que os blogs começam a ganhar uma visibilidade. Julie está infeliz com sua vida e decide fazer todas as receitas do livro de cozinha francesa para americanas de Julia Child e postar isso em um blog diário. Junto com os percalços das receitas, ela retrata em seu blog os desafios que incorporar isso ao seu dia-a-dia trouxe, o cansaço de chegar em casa e ainda cozinhar todos os dias e seu casamento, que fica em segundo plano enquanto ela está nessa jornada. Julie comenta no começo do filme como ela sente que nunca termina nada, que ela não pode ser uma escritora, afinal o livro que estava escrevendo ficou pela metade e assim, a missão de chegar ao fim de todas as receitas se torna importante para ela provar para ela mesma que ela consegue terminar alguma coisa.
Tenho me sentido uma pessoa sem uma causa, eu tenho uma tendência enorme a auto-sabotagem. Nunca termino nada. Mesmo quando estou super empolgada e engajada, eu tropeço em alguma crise enorme no meio do caminho e acabo largando as coisas por terminar, eu sempre sou derrotada por uma força enorme dentro de mim. Isso desde sempre. Ao ver o filme, eu me questionei se talvez não precisasse de uma missão que envolvesse algo diário, algo que dia-a-dia eu fosse obrigada a comparecer, a mostrar resultados (e novamente minha mente me respondeu com "você JAMAIS conseguiria fazer algo do tipo").
No começo desse ano, estava focada na produção de uma História em quadrinhos voltada para o público infanto-juvenil, ainda quero dar continuidade a esse projeto, mas nada são flores. Cogitava a auto-publicação (impressa), só que mais e mais isso parece uma ideia extremamente idiota e tudo isso foi me desanimando. Ficar ouvindo em looping que eu jamais vou conseguir é complicado. Dar continuidade a uma coisa que o tempo todo estão tentando te convencer de que não vai acontecer (mesmo quando quem está tentando me convencer é minha cabeça), é pesado. E assim, produzir uma história em quadrinhos sozinha envolve tantas coisas que, claro, é um trabalho diário, mas não é um trabalho diário em que existe um resultado no final de cada dia. As coisas acontecem devagar.
A ideia de postar os estudos diários foi um pouco essa, mas novamente minha mente atacou e falou "quem vai querer ver essa porcaria?" e a resposta que não consegui dar (e deveria ter dado) no momento foi "eu". Não importa muito quem veja ou quem queira ver ou quem não queira ver. Não importa se esteja bom, ruim, péssimo. Não importa se ACHEM que está ruim, bom, ótimo. No momento que eu me proponho a postar diariamente é pra que eu me sinta motivada a produzir e que ao final de um período eu olhe e veja que "olha, a produção realmente existe".
Enfim, tudo isso pra dizer que vou tentar novamente. Meu desafio diário vai ser postar aqui, um texto e uma ilustração/estudo/tirinha.
É isso. Me desejem sorte.
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