quarta-feira, 14 de junho de 2017

Paterson e a poesia do cotidiano

Jim Jarmusch em seu filme Paterson (2016) retrata uma semana na vida de um motorista de ônibus poeta. Paterson, nome do protagonista e da cidade em que ele vive e trabalha, leva uma vida simples com sua esposa e seu cachorro. Ele acorda todos os dias pela manhã sem o auxílio de um despertador, ele cumpre seu horário como motorista, ele volta para sua casa, janta com sua esposa, sai para passear com o cachorro e tomar uma cerveja. Em meio a tudo isso, ele faz poesia.

O que é fazer poesia?
É estar no mundo, senti-lo com todos os canais que lhe seja possível.
É observá-lo mesmo quando não possuir olhos,
é escutá-lo mesmo quando tudo o que se ouve são ruídos,
e é tocá-lo mesmo quando ele está fora de alcance.
E depois de tudo isso, transformar em palavras, em pontos, em quebras de linha.

Paterson faz poesia aceitando sua natureza, aceitando o mundo pelo que ele é. O caos se organiza conforme as palavras ganham vida no papel, criando uma estrutura, um sentido, uma sonoridade.
Não sabemos quase nada sobre o passado ou mesmo o futuro daquela pessoa, entretanto, ao ouvir seus poemas, ganhamos acesso ao seu presente. E isso é fantástico.


P.S. E o Adam Driver, né gente, que homem.
P.P.S. Eu tinha colocado o trailer, mas o trailer mostra o filme inteiro, vão assistir ao filme direto. Não vejam o trailer.

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